quarta-feira, 12 de setembro de 2007

SERVIÇOS AGROPECUÁRIOS


Amigo, noutro dia, uma moça urbana perguntou-me no que consistiam as atividades numa propriedade rural. Passei a lhe enumerar uma série de trabalhos que se desenvolvem numa fazendola, como se eu fosse o protagonista deste nobre labor, e neste artigo compartilho-o contigo.

Pela manhã, quando o sol ainda está timidamente aparecendo no horizonte é hora de ordenhar uma vaca, cujo terneiro lhe fora separado na noite anterior. Feita a ordenha, sempre se deixando um ou dois tetos para o terneiro, o leite é levado para a cozinha para ser fervido pela patroa, que já está preparando a mesa da refeição matinal: café, leite, morcela, pão preto, doce pastoso de abóbora, queijo feito em casa, etc. Feito o desjejum, quando se está na primavera e o bom tempo o permite, começam os tratos com a terra, aração, adubação, gradeação, e por fim a plantação de milho, feijão, aipim, batata-doce, batatinha, amendoim, etc. coisas que suprirão a despensa e garantirão, se Deus quiser, algum numerário para comprar algumas alfaias, utensílios, etc.

Nos intervalos do trabalho na lavoura tem-se que cortar a lenha para o fogão, aparar a grama do pátio, consertar o telhado, levantar e consertar alambrados, pintar os prédios, consertar as redes de energia elétrica e hidráulica, cuidar da horta e do jardim, enfim numa propriedade rural nunca se tem tempo para a preguiça.

O gado bovino deve ser reparado quase que diariamente, e quando necessário tem-se que aplicar as vacinas, os vermífugos, castrar os terneiros, curar bicheiras, manter todos os animais assinalados e marcados, fazer o pastoreio rotacionado e dividir o rebanho por categorias, pois não se admite que os novilhos fiquem junto com as fêmeas, porque atrasa no crescimento e na engorda dos mesmos. As fêmeas enquanto não tiverem maturidade sexual não podem ficar junto com os touros.

Quando se cria ovelhas a vigilância é redobrada, pois além destes tratos culturais tem que se ter um cuidado extra com os cachorros, os graxains e os ladrões.

Quando chega a época da colheita parece que não se tem tempo para nada, é um corre-corre danado, todos os recursos são direcionados para uma mesma atividade a fim de que não se perca nenhuma parte do produto final de todo o suor vertido nos meses anteriores.

Numa propriedade rural o trabalhador, seja ele empregado ou proprietário, é um profissional multidisciplinar porque é eletricista, pintor, pedreiro, carpinteiro, mecânico, lavrador, retireiro, alambrador, vacinador, inseminador, tratorista, estivador, caseiro, castrador, pastor, jardineiro, tratador, lenhador, etc. Numa propriedade faz-se de tudo porque o dinheiro é muito escasso, e não se tem recursos para contratar mão-de-obra de terceiros, e muito menos se for especializada.

Mesmo assim, sempre se acha um tempinho para tomar uns goles de chimarrão, visitar amigos, freqüentar o CTG, assistir a uma missa, participar de um rodeio, namorar, e outros tantos modos de suavizar os encargos e promover o crescimento social e cultural de quem trabalha e do seu próximo.

Por isto, minhas eternas homenagens ao homem do campo cujas inteligência e necessidades fazem dele um trabalhador ímpar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

AGROPECUÁRIA E A SINA DE QUEM CRÊ

Estamos no final do mês de agosto. Este ano enfrentamos um inverno inclemente, muito frio e chuvoso. Os nossos campos nativos foram queimados pelas geadas, nossas várzeas ficaram inundadas, nossas lavouras de azevém e aveia foram de produção abaixo da média, e, consequentemente, os animais sofreram e perderam pêso. No próximo mês entraremos na estação da primavera e quando o solo estiver com uma média mínima de 18ºC será época de semearmos as pastagens de verão, como milheto, brachiárias, leguminosas, etc. Os nossos animais (bovinos, ovinos, bubalinos, etc) vão engordar, as vacas serão cobertas, e depois iniciaremos a comercialização de nossos produtos pecuários, garantindo uma carne de qualidade nas festas de fim de ano.

Nesta nossa abençoada região a cultura de verão que mais se destaca é a orizícola, cujas terras já estão sendo preparadas e, se tudo correr bem, alguns iniciarão o plantio no mes de outubro e em pleno verão estarão colhendo e obtendo melhores preços do que aqueles que colherem no outono.

Os produtores de plantas do seco, como mandioca, melancia, milho, etc., também já deram início ao preparo do solo: calcareando, lavrando, discando, e estão esperando que o tempo “firme” para lançar a bendita semente no chão.

Sempre foi assim.

Enquanto não tivermos uma política agrária voltada para a melhor remuneração do trabalho, da técnica, do capital e da natureza, viveremos a incerteza econômica e social. O produtor rural é um esperançoso. Em cada safra reúne todos os seus recursos materiais e intelectuais, convoca os familiares, contrata seus auxiliares, adquire insumos, reforma máquinas, contrái dívidas e dá em garantia seus bens, e crendo-se capacitado lança-se ao glorioso labor de gerar riquezas alimentares para uma população, cada dia mais ávida por qualidade e quantidade.

Nesta safra não teremos nada diferente das anteriores. Nesta hora, ainda distante da próxima colheita, há uma perspectiva de bons preços, porque os estoques de grãos estão baixos e os bois estão magros, então os acenos governamentais que nos convidam a investir na atividade agropastoril parecem, e na verdade não são, uma garantia de que a atividade terá uma remuneração digna.

O que o Governo Federal almeja é que os empresários rurais continuem a produzir bastante, para que haja uma enorme oferta de produto no mercado interno e que haja, também, excedentes capazes de garantir o superavit de nossa balança comercial. Pouco importa a ele, Governo Federal, que haja remuneração digna para quem produz.

O empresário rural é antes de tudo um homem que crê no valor moral, social e econômico de seu trabalho. Sabe que é pelo seu sucesso que o erário público obtem recursos para investir na educação, saúde, na segurança, etc. e é pelo seu idealismo que as mesas dos consumidores ficam fartas, com alimentos sadios e baratos, e a nação no cenário internacional mantem-se como uma das maiores exportadoras de grãos e de carne do mundo.

Só falta o reconhecimento dos Poderes Legislativo e Executivo de que sem a atividade empresarial rural o erário público estará empobrecido e não haverá superavit na balança comercial.

José Tadeu Pereira da Silva – Empresário rural e advogado

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

INVERNO E GAUCHISMOS

Na medida que os anos vão passando parece-me que o inverno fica mais inclemente. Sinto mais frio. Como, com o passar dos anos, dorme-se menos eu me acordo, cada vez, mais cedo. Assim curto melhor a geada, do que aqueles que resolvem dormir até mais tarde.

Neste inverno, do ano de 2.007 da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, levantei-me ordinariamente todos os dias por volta das 6:20 horas, isto é, antes que o sol viesse beijar as faces rosadas da mulher amada, e pude apreciar a beleza de nossas ruas viamonenses tomadas de geada e no campo encruzilhadense, onde crio alguns animais, sorver a plasticidade do branco que contrastava com a grama verde, onde os animais sacudindo o gelo deixavam a cama natural levemente demarcada num tapete branco.

Depois caminhando pelos campos tomados de geada eu senti um ventinho leve e gélido, suave e cortante, benfazejo e castigante, que simbolizava para mim todos os contrastes que o homem moderno vive, e mais tarde saiu o sol no início timidamente, como se não quisesse incomodar a natureza vestida num manto alvo, e na medida que o manto se estiolava o sol ia aquecendo os animais, que se levantavam e procuravam algum pasto que não estivesse congelado. Lindo, é muito lindo apreciar estas forças da natureza. Até me esqueci que as botas estavam molhadas de geada derretida e um friozinho danado subia pelos pés e invadia as bombachas e me gelava.

E quando o sol já era dono da situação, com o pingo encilhado era hora de inspecionar os animais e invernadas para ver o estrago feito e as possibilidades de pastoreio. Aparteei alguns animais mais fracos para colocar numa pastagem de azevém e aveia. Examinei as ovelhas e suas crias. E assim foi todo o dia. Era tão gostoso que o corpo, já meio velho (sou exibido), não se cansou. Senti um prazer indescritível nesta tarefa de ser cúmplice e antagonista, ao mesmo tempo, da mãe natureza.

E quando a noite ia caindo, vi que era hora de acender o fogão à lenha para aquecer a água do chimarrão, preparar o arroz carreteiro, fazer passar a “caninha” de mão em mão, contar velhos causos dos tempos antigos e algumas mentiras atuais, que ditas com tanta seriedade parecem verdade (parece, sim, é coisa de político). O fogo ia sendo alimentado com paus de eucaliptos, galhos velhos de aroeira, de carvalho, de cambará, de acácia, de tarumã e a fedorenta capororoca, que tornavam quase vermelha a chapa. A cozinha ficou aquecida pelo fogão, pelo chimarrão, pela pipoca, pelo pinhão, pela cachaça, que a noite entrou quente, escura, medonha ao desenhar nas paredes figuras exóticas projetadas pela luz parca ...

E a mulher reclamando de que as roupas e as pessoas ficariam com cheiro de lenha queimada! Ainda terei uma cozinha só minha, no melhor dos estilos campeiros, com um fogão para queimar moirões velhos e madeiras de metro e meio de comprimento, velhas panelas de ferro, pretas e feias por fora, e eficientes por dentro. Com mesa, bancos e cadeiras feitas de madeira do mato, pelegos bem curtidos da cruza de Merino com Texel, panos de linho branco, tapetes de couro de gado bovino, guampas cheias de cachaça, uma estante cheia de livros, um baú de pilchas, uma cristaleira para guardar as louças e copos, um varal de lingüiça defumada, tulhas cheias de mantimentos, uma manta de charque de ovelha, e outras tralhas que bem suprem o corpo e alma do gaudério.

O inverno, segundo o amigo Catito, ovelheiro de quatro costados, faz com que os sobreviventes das geadas sofram a seleção natural e sejam os animais mais aptos à procriação e à produção de carne e lã. Será que não se dá o mesmo com a gente?

JOSÉ TADEU PEREIRA DA SILVA

terça-feira, 17 de julho de 2007

EMBARGOS À CARNE BRASILEIRA

Os jornais noticiaram, nesta semana, que o Comitê de Agricultura do Parlamento Europeu pediu o embargo de carnes brasileiras. É um ato político, cimentado nos interesses de criatórios europeus, posto que as carnes brasileiras são responsáveis por 66% das importações européias e competem com as produzidas pelo primeiro mundo.
Os criadores europeus fizeram uma pesquisa inoficiosa no Brasil, sem que indicassem quais os fazendeiros e quais as áreas em que a realizaram, alegando que usamos anabolizantes e permitimos o livre trânsito dos animais. Pura mentira.
No Brasil é proibido o uso de qualquer hormônio ou anabolizante para estimular o crescimento ou engorda dos nossos animais, e muito menos é livre o trânsito dos animais.
Temos dificuldades sim na implantação do sistema de rastreabilidade dos animais. Mas, por necessidade, superaremos este impasse, e em breve será conhecida a origem de cada animal abatido.
Incumbe a todo o produtor rural de animal para o abate, seja ele bovino, bubalino, suíno, aves, etc. zelar pela sanidade de seu criatório, para que possa vender um produto saudável, e sem qualquer efeito residual de medicamentos ou alimentos que tenha utilizado.
A luta do criatório nacional, por razões humanitárias e mercadológicas, é que o nosso produto seja de qualidade superior e se tenha a confiança do consumidor, e para isto é necessário que todo o processo de criação, de abate dos animais e de distribuição das carnes seja franqueado a todo o tipo de inspeção (cientificamente cabível).
E somos capazes de enfrentar qualquer inspeção séria, visto que, passamos décadas investindo em genética, em saúde animal, para obter sanidade, competitividade e produtividade, e somos um dos poucos países do mundo em que é possível produzir o boi ecológico, isto é, somente a pasto e sem qualquer suplementação de origem animal ou sintética que possa comprometer a qualidade do produto final.
(Comente este artigo)

JOSÉ TADEU PEREIRA DA SILVA

domingo, 24 de junho de 2007

Meio Ambiente

Nestas breves palavras, sintetiza-se a preocupação do empresário rural, que vive o dilema de cada vez ter de produzir mais e que sente a perda paulatina da fertilidade natural do solo e da escassez d’água necessária para as atividades agro-pecuárias, face a depredação ou má conservação dos recursos naturais. E não menos preocupado deveria estar o habitante urbano que joga resíduos sólidos nas lixeiras, ruas, praças e córregos, que sofre com as enxurradas, que consome alimentos produzidos à base de agrotóxicos, que vive em cidades que não tem tratamento de esgoto domiciliar, que utiliza veículos e outros produtos de consumo poluentes, etc.

O empresário rural tem consciência de que sobre o seu imóvel pesa a responsabilidade de cumprimento da função social, que é atingida “quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente".

É bom que se conheça um pouco a evolução das ciências jurídicas para se entender que o direito ao meio ambiente equilibrado é de terceira geração (a primeira cimenta-se no princípio da liberdade e a segunda no princípio da igualdade) que se cimenta no princípio da solidariedade, onde todos somos co’responsáveis pelo problema ambiental.

Desde o Código de Hamurabi, 1700 a.C., há uma preocupação da humanidade em preservar o meio ambiente, lá no antigo ordenamento jurídico eram poupados os arvoredos nas guerras, e tinham lá suas razões, posto que, das árvores retiravam o material para a construção dos implementos agrícolas, dos navios, das casas, das armas de guerra, alimentos, etc. Era um pensamento pragmático e simples.

As primeiras leis da humanidade de preservação do meio ambiente, fixadas por escrito, foram códigos que regulavam o uso da água, há 4000 a.C. sob a regência de Hamurabi. No parágrafo 53 diz: "se alguém se exime de manter seu dique em boas condições, se este dique se romper e todas as lavouras forem alagados, então o responsável pelo dique rompido será vendido como escravo, e a renda em dinheiro devem repor os cereais cuja destruição causou" (BORGES, 2001, p. 70-75).

Na origem do direito pátrio encontra-se a Ordenação Afonsina, vigente na época do descobrimento do Brasil, que proibia que se atirasse aos rios e lagos material que pudesse matar os peixes ou perturbar seu desenvolvimento.

Estas preocupações atravessaram os séculos e nenhum efeito surtiu na antiga URSS, onde vários rios tiveram seus cursos desviados do Mar de Aral, para áreas desérticas vizinhas com a finalidade de irrigar lavouras de algodão, do que resultou o aumento da salinidade e duro impacto sobre a fauna ictiológica, e a perda de 2/3 dos recursos hídricos e da atividade econômica da bacia do Aral. E hoje o Brasil quer a transposição do Rio São Francisco ... a história se repetirá? O Rio São Francisco morrerá?

Desconhecendo a história, o DNOS abriu um valo e matou o banhado que iniciava no Passo do Vigário (Viamão) e terminava no Chico Lomã (Santo Antonio da Patrulha), foram implantadas novas lavouras e decretada a morte do Rio Gravataí. É só uma questão de tempo.

Percorrendo o interior vê-se que as matas ciliares, que deveriam proteger os córregos, estão raras. Nas cidades, e especificamente em Viamão, as áreas verdes estão invadidas e os córregos servem de esgoto domiciliar. Que fazem as autoridades públicas viamonenses? Nada... Nada.

Se os nossos governantes e legisladores quisessem criariam mecanismos de incentivo econômico e social para florestamento das áreas limítrofes aos nossos mananciais hídricos, como córregos, vertentes, sangas, arroios, rios e lagoas, e desocupariam todas as áreas verdes invadidas.

A legislação existente não tem um mecanismo que incentive o produtor rural e o habitante urbano a promover a preservação do meio ambiente. A maioria das normas é meramente punitiva, e sabe-se que não é a melhor forma de promover o desenvolvimento equilibrado e sustentável de nossos recursos naturais.Para que se atinga um objetivo é necessário que haja uma forte motivação, e isto é primário em psicologia, então é preciso que o preservador sinta as vantagens econômicas e sociais no processo de preservação.

Não esqueçamos que a Terra é o único planeta conhecido que contem vida, pelo menos na forma que conhecemos, e que esta vida agonizante precisa ser preservada.

José Tadeu Pereira da Silva – Empresário rural e advogado – OAB/RS 21663

domingo, 17 de junho de 2007

Aprisco Azul

Aprisco Azul é a denominação que damos à nossa atividade ovinícola. Tanto em nossa propriedade em Viamão quanto na propriedade de Encruzilhada do Sul.
Na Aprisco Azul, de Viamão, criamos búfalos e gado de corte, das raças Mediterrâneo e Red Angus, respectivamente.
Na Aprisco Azul, de Encruzilhada do Sul, criamos gado de corte da raça Red Angus e ovinos das raças Texel e Merino Australiano.
Nossa missão é produzir animais de qualidade, sanidade e competitividade e com rentabilidade capaz de remunerar satisfatoriamente o capital, a natureza, a técnica e o trabalho empregados.
Toda a administração é feita pelo proprietário José Tadeu Pereira da Silva, com a ajuda da família. Pode-se dizer que nossas atividades são eminentemente familiares.
Encontramo-nos à disposição de outros criadores para a troca de experiências:
José Tadeu Pereira da Silva - R. Mário Antunes da Veiga, 42, Centro, Viamão, CEP 94410-030, RS, fones (51) 3485-3090 e 9963-0595.

Ovinocultura com interatividade!

Hoje há necessidade de que todos os interessados num determinado segmento econômico interajam, isto é, troquem experiências e consigam, assim, otimizar os seus negócios. Na ovinocultura não é diferente. É-nos exigida produtividade para melhor remunerar o trabalho, o capital, a técnica e a natureza, e sem perder o norte da competitividade e da sanidade. Você é nosso convidado para trocarmos nossas experiências e crescermos juntos.