segunda-feira, 27 de agosto de 2007

AGROPECUÁRIA E A SINA DE QUEM CRÊ

Estamos no final do mês de agosto. Este ano enfrentamos um inverno inclemente, muito frio e chuvoso. Os nossos campos nativos foram queimados pelas geadas, nossas várzeas ficaram inundadas, nossas lavouras de azevém e aveia foram de produção abaixo da média, e, consequentemente, os animais sofreram e perderam pêso. No próximo mês entraremos na estação da primavera e quando o solo estiver com uma média mínima de 18ºC será época de semearmos as pastagens de verão, como milheto, brachiárias, leguminosas, etc. Os nossos animais (bovinos, ovinos, bubalinos, etc) vão engordar, as vacas serão cobertas, e depois iniciaremos a comercialização de nossos produtos pecuários, garantindo uma carne de qualidade nas festas de fim de ano.

Nesta nossa abençoada região a cultura de verão que mais se destaca é a orizícola, cujas terras já estão sendo preparadas e, se tudo correr bem, alguns iniciarão o plantio no mes de outubro e em pleno verão estarão colhendo e obtendo melhores preços do que aqueles que colherem no outono.

Os produtores de plantas do seco, como mandioca, melancia, milho, etc., também já deram início ao preparo do solo: calcareando, lavrando, discando, e estão esperando que o tempo “firme” para lançar a bendita semente no chão.

Sempre foi assim.

Enquanto não tivermos uma política agrária voltada para a melhor remuneração do trabalho, da técnica, do capital e da natureza, viveremos a incerteza econômica e social. O produtor rural é um esperançoso. Em cada safra reúne todos os seus recursos materiais e intelectuais, convoca os familiares, contrata seus auxiliares, adquire insumos, reforma máquinas, contrái dívidas e dá em garantia seus bens, e crendo-se capacitado lança-se ao glorioso labor de gerar riquezas alimentares para uma população, cada dia mais ávida por qualidade e quantidade.

Nesta safra não teremos nada diferente das anteriores. Nesta hora, ainda distante da próxima colheita, há uma perspectiva de bons preços, porque os estoques de grãos estão baixos e os bois estão magros, então os acenos governamentais que nos convidam a investir na atividade agropastoril parecem, e na verdade não são, uma garantia de que a atividade terá uma remuneração digna.

O que o Governo Federal almeja é que os empresários rurais continuem a produzir bastante, para que haja uma enorme oferta de produto no mercado interno e que haja, também, excedentes capazes de garantir o superavit de nossa balança comercial. Pouco importa a ele, Governo Federal, que haja remuneração digna para quem produz.

O empresário rural é antes de tudo um homem que crê no valor moral, social e econômico de seu trabalho. Sabe que é pelo seu sucesso que o erário público obtem recursos para investir na educação, saúde, na segurança, etc. e é pelo seu idealismo que as mesas dos consumidores ficam fartas, com alimentos sadios e baratos, e a nação no cenário internacional mantem-se como uma das maiores exportadoras de grãos e de carne do mundo.

Só falta o reconhecimento dos Poderes Legislativo e Executivo de que sem a atividade empresarial rural o erário público estará empobrecido e não haverá superavit na balança comercial.

José Tadeu Pereira da Silva – Empresário rural e advogado

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